Hoje ela me pediu que a levasse para cortar o cabelo, estão caindo muito depressa. Ninguém escapa dos efeitos colaterais desses remédios. Eu não poderia dizer não e confesso que senti constrangimento em ser responsável por tanta fragilidade. Anda devagar e não sente firmeza na bengala, que também não gosta de usar. Saímos de braços dados na portaria, cuidado com cada mínimo degrau que, nesse idade, o corpo já não dribla facilmente. A boina ficou comigo. A estranheza do cabeleireiro ao ver tantos fios em suas mãos, ao lavar, deu lugar a uma face de solidariedade quando eu disse labialmente que ela está em tratamento.
Vaidosa, seu rosto triste evitava o espelho, seus olhos cheios de vergonha eram voltados pra baixo. As madeixas caindo no chão e o corte 'Joaozinho' tomando vida, batidinho - decidiu cortar pequeno antes de perdê-lo todo. De longe, reconheci que achei que seria mais fácil esse momento, nó na garganta. A dor do corpo a gente trata: dá remédio, quimioterapia, alimento, água. Mas a dor do coração, essa é mais difícil curar.
Fernand's
21.ago.12
7 comentários:
um rito de passagem. não como tantos outros. doloroso, porém necessário. as árvores deixam as folhas cair no inverno, afim de terem força para florescer na primavera. aliás, é primavera.
tempo novo.
e moldura nova para o rosto. assim, para acompanhar as mudanças (e dores inclusive)que vêm com o resto.
melhoras e leveza para vcs todos.
=)
beijodoce
iza
Alma descrita.
Flores.
O coração é complicado ou será que nós somos deveras complicados? Não sei. Enfim, o tema coração é uma recorrente a minha volta e tenho colhido impressões para um escrito novo. Vejamos para que direção isso me leva...
bacio
Coração...Pulsa, Pulsa, mas não expulsa seus sentimentos que às vezes achamos que não tem coração.
Um abraço.
Doi, mas tudo que é dor passa.
É triste e doloroso, mas é um processo de cura, e a cura nem sempre é fácil.
Beijos, a vc e a ela.
A dor do coração nem o tempo cura... Força, fé, luz e muito amor!!!
E saúde.
Postar um comentário