O prazer dos 30.

kenkeirns

Aos 30 anos pousa-nos uma leveza que cumpre o papel de aprazível companhia. A urgência é por outras coisas, antes desimportantes talvez. Mantém-se sonhos sóbrios, ébrios e preciosamente infantis. O passado lota os relicários e é quando nos damos conta de que certas pessoas e momentos serão efetivamente pra sempre, não só na hora das lágrimas de saudades. Suspiros são mais longos, olhos enxergam a beleza onde não se imagina e são cada vez mais certeiros, preparados para conquistar; Corações saboreiam a paixão, mas às vezes a engolem sem mastigar. Ganhamos um ar seguro de onde não se vê o sopro, recebemos a chave da porta da firmeza que calça os pés sobre os caminhos da prática e na bagagem continuam algumas teorias permissíveis à mudança.  A cabeça está sempre no lugar e a perdemos sem medo sempre que preciso. Vive-se tudo com mais prazer, nosso corpo fica mais lindo, sedutor e decidido, lotado dos 7º, 8º e 9º sentidos.

Continuar a descobrir-se sozinha é regra básica, assim como o respeito à condição humana provisória de estar - não somos, estamos e isso não amedronta mais, ao contrário, a certeza da vida ser breve nos enche de vontade de dar boas garfadas nela até rasparmos o prato. Somos mais interessantes e interessadas. Ama-se aos pouquinhos, com paciência, fé e ainda "pra ontem". Silêncios ganham vozes e algumas vozes já não berram, falam placidamente como se estivessem em uma doce conversa com uma amiga muito querida, você mesma.

Fernand's