Benditas Palavras Bem Ditas: 03/2011

quinta-feira, março 31

Somos. Fomos. Seremos.



Reeditado.




dolly via deviantart





Arde em fogueira onde já foi maré fria. Desce do alto em um segundo e sobe como se na palma coubesse o mundo. Cheia de artimanha, manhosa, misteriosa, póros poderosos, na ponta dos dedos feitiço. Viço nas pernas roliças, alma nos olhos. Desfaz o laço com a rapidez que o aperta. Ontem fervia o que arrefece hoje. Oras sol, oras chuva. Toca e se retoca, ajusta a rota injusta. Teu ponto é dado a nó, não é chegada a dó, piedade é pra herege, coragem é tua religião. Religiosamente sangra, mas não morre. Morre com golpe de amor. Dói, ferida exposta. Em resposta, renasce para amar de novo. Profana, santa, da vida, vestida de intuição, emoção, luz, intenção e brilho das estrelas, se cobre com o dia, se deita noturna.

É teia teu tato, seduz com teu hálito. Apaixonar-se é hábito. Pavio curto, esperança a metro. De perto, tentação. Longe, saudade. Verdade e mentira, não queiram ver tua ira. Desnuda de medo, transparente. Crente, roga aos céus. Pés no chão que rastejam, salto alto que voam. Maquiada, cara lavada. Saia rodada, recatada, acima do joelho, gentil espelho. Boca suave, corpo selvagem, coração de bomba. Punhado doce e pitada azeda. Quer hoje o que não queria. Não quer mais o que desejou. Testa de não sei. Sorriso de sim. Choro de não. Ombro de talvez. Teus segredos são sagrados. Feita de diversos, infinitos e opções.

Do teu útero, a vida, pintada com tuas cores, dores, amores, banhada com tuas lágrimas e lábios. Bendita seja tua alma silenciosa e escandalosa, esculpida sem fôrma uma só vez. Muitas, tantas, úmida, única. Incertezas e quereres: teus ofícios. Pode ser depois o que não era antes... E nunca mais para o que foi durante. Não será mulher se não for inconstante.




Se for diferente, estranhe:
tem algum defeito de fábrica. rs*






Fernand's
03.12.2010




Poesia das ruas.







Frase escrita pelos muros da cidade de São Paulo.
Autor e fotógrafo desconhecidos.




quarta-feira, março 30

Filosofia moderna (ao menos bem humorada).








Enquanto aguardava a chuva forte passar para poder atravessar a rua, sob uma marquise qualquer, a inspiração (ou falta de) bateu. Acabei analisando "profunda e filosoficamente" que "muita gente que sempre teve nada, não ganha nunca na mega sena porque não vai saber ter tudo de repente", além do fator falta de sorte, claro, até isso falta de sobra (também para os descrentes).

Fernand's


- O conteúdo é descartável, mas
o bom humor é recompensador!





Atenção imediata.





via web



É e ponto.





violynn via deviantart





Algumas coisas não mudam.

Panos de bunda em malas prontas para o Nepal, mas ele vai junto. Academia nova e ele está lá: coladinho na tua pele suada. Outro xampu, novo perfume e ele se delicia junto. Trabalho, aula, trânsito, conta para pagar, pessoas, números, outros caminhos, novidades, mas ao deitar na cama, ele te ladeia e sussura quente em teu ouvido "boa noite". Boceja, mas só dorme quando você apaga. Acorda junto, às vezes acorda antes e te cutuca. Faz companhia na sala de embarque, incomoda teu cochilo no avião, atrapalha tua leitura, curte o pôr do sol com um largo sorriso, toma o mesmo porre e pula as ondas do mar segurando tua mão, coração e cabeça. Se atrasa para o trabalho com o mesmo relógio que você usa. Não respeita tuas roupas e faz teu corpo arrepiar, toma banho na mesma hora e no mesmo chuveiro. Às vezes se disfarça, se esconde, mas em outras não dá descanso, morre de fome e exige ser saciado. 
       
É parceiro. Não muda. Não varia. Desejo é desejo em qualquer lugar, espaço e tempo. Aqui ou aí. Desejo é e ponto. Desejo. Despejo. Meu. Desejo. Teu. Lampejo. Elétrico. Beijo. Nosso.





Fernand's
12.10. 2010





meu.





ineedchemicalx via deviantart





 

terça-feira, março 29

Mais




Clique meu.





ABRO ASPAS



[subitamente
me distraí e aí]

levaram.
levaram, não.
roubaram.
afanaram minha'lma.

[não chamei
a polícia]

vaguei sem ponteiro, sem direção.
sem fome, querer bem, sem sizo.
olhar vazio.
rosto duro, sem riso.

com coragem e rebeldia
minha'lma decidiu
não ficar lá mais um só dia.
num vacilo do vigia espertalhão,
fugiu sem nenhum arranhão
e voltou voando pra mim...
tanto que ela é mais feliz comigo.



FECHO-AS.PAS




Fernand's





- Foto: Festa Pão e Circo.
Mais aqui: Flickr.




 

LÊSÔQUÊ?




"Vou pro mar.
Ler.
Os olhos perder.
Vou me afogar
em livros".
Fernand's




via convoy




Eles chegaram semana passada
(e vão me levar pra bem longe dentro de mim):

Charles Bukowski - Pulp
Millôr Fernandes - Hai-Kais
Martha Medeiros - Poesia reunida
Anaïs Nin - Uma espiã na casa do amor 
Anônimo so século XVIII - Teresa Filósofa
Caio Fernando Abreu - Triângulo das àguas
Houssais - Escrevendo pela nova ortografia
Elisa Lucinda - Parem de falar mal da rotina
Mark Twain - Dicas úteis para uma vida fútil
Paul Arden - Explicando Deus numa corrida de táxi


Ocupada...
Em luxuosa companhia.









segunda-feira, março 28

Já confessei.







via web



(...)

Indagado sobre seus escritos, não titubeou:

Nunca ousei ser inocente, do tipo que quer um lugar no céu, a viagem até lá deve ser muito longa e certamente perderia-me pelo caminho, ao menos para tomar um trago. Inocência é um compromisso que requer disciplina e olhos fechados, limita e é carrasca. Não tenho culpa se vim ao mundo com mais olhos do que deveria, todos muito abertos, os de dentro e de fora, dispostos e dados ao que desperta meu desejo e curiosidade. Com personagens inventados, relato cada sílaba dos meus crimes, vícios e faltas, antes que alguém os descubra reais e queira me julgar, porque condenado já estou. Eu mesmo o fiz e isso não é nada penoso, gosto, sou mundano.

Será tempo perdido e arrancarão boas gargalhadas minhas se esbravejarem ou lançarem sobre mim reprovações e disse-me-disse sobre certo e errado, já confessei tudo sem levantar suspeita alguma. Nessa hora vou ajoelhar-me e agradecer meu refinado senso de humor e a surdez parcial que a música alta está me causando.

(...)
 
 
Fernand's
 
 
 
 
 
 
___________________________________________________
Trecho do conto Mea culpa.
Meu.
 
 

Are you?





via web





 

domingo, março 27

CAMPANHA "VAMOS QUEIMAR".
























Por conteúdos criativos, inteligentes e originais, queimemos nosso estoque de fósforo, porque "cabeça não é feita para ficar sobre o pescoço e segurar cabelo" - sua anatomia é funcionalmente estrutural e sistêmica.


Crie, produza, exponha.



Fernand's
foto via web







Ler. Ver.





Pode me esquecer nesse lugar que eu morro feliz...





Cliques meus.

sábado, março 26

Once upon a time...





pretty as a picture via deviantart




Sou do tempo em que iogurte com polpa de fruta tinha fruta, farmácia só vendia remédio e crianças brincavam na rua. Sou do tempo em que frangos cresciam naturalmente e comê-los não fazia mal. Sou do tempo em que o mundo só tremia na copa do mundo e chuva era sinônimo de vida e diversão. Sou do tempo em que ir à missa era encontrar os amigos e havia uma grande estante em casa para acomodar a coleção de lp's dos pais e não éramos dependentes de lap top's, pen drives, hd's, iphone's, ipod's, ipad's, nem computador tinha! Nossas conexões eram mais afetivas e sensoriais. Sou do tempo em que o correio não era eletrônico, quando a saudade apertava, mandávamos cartas e recebê-las era a coisa mais emocionante do mundo, de fazer chorar! Sou do tempo em que os casamentos duravam e até havia festas de bodas de ouro; Segredos eram sagrados e os filhos honravam pai e mãe. Sou do tempo em que crianças, idosos e bichos eram respeitados e padres eram como santos. Sou do tempo em que escola era uma segunda casa e música era sinônimo de coletividade, não de headphones. Sou do tempo em que lutava-se pela democracia e todos imaginavam que ela valeria para todos. Sou do tempo em que a polícia nos defendia e ninguém imaginava que o mundo pediria socorro por tanta destruição.



Fernand's






- Apague as luzes para ver um mundo melhor,
Participe da HORA DO PLANETA.
Hoje, das 20h30 às 21h30.




Não costuma faiá...






via web






sexta-feira, março 25

Faça por alguém.




Sabia que seu peito apertado e preocupado não a deixaria dormir naquela noite. Sabia que as lágrimas deixadas debaixo do chuveiro não foram suficientemente consoladoras. Não queria consolo, queria resolver, queria que ninguém morresse, queria uma cerveja gelada, várias. Queria um porre daqueles. Queria os braços do seu amor, um doce que a fizesse sorrir quando escorregasse pela garganta. Queria botar pra fora, queria poder proteger e, com a cara corajosa, dizer com voz grossa "esse aqui tu não leva!"

Queria poder atrasar o relógio do tempo. Mas era uma madrugada de sexta feira, nada funciona naquela hora nem os ouvidos amigos. Triste, sentou-se no chão, ao lado de sua estante de livros, pegou um qualquer. Abriu na página de um conto que nunca havia lido - a vinda de um anjo à terra que escolhe uma mulher para parir uma menina messias, de Marina Colassanti.

Só podia ser um aviso, um recado do andar de cima: a vida se renova.

Sentiu o coração aquietar, juntou as mãos e rogou "por favor, se não queres fazer por ti, faça por alguém que ama muito. Faça e fique mais um pouco, pai. Viver é tão maravilhoso".




Fernand's
foto: via web

- Ler é conforta.dor!





Certas coisas.




andrew stark




- O álcool é um veneno, Jake. 
- Então por que você bebe, Tio Charlie?
- Porque tem certas coisas dentro de mim que eu preciso matar.




Diálogo de Two and a half men.
 


 

quinta-feira, março 24

Microconto - Prefixos de relações flutuantes.





"O que mata uma relação
não é a falta de amor,
é o silêncio".
Fernand's



via web





Não trocavam mais uma palavra: cederam ao nocivo desuso do diálogo, replicando um desamor mútuo. Ela, tagarela, lotada de hormônios, falava com as paredes. Ele, calado, de saco cheio, fingia que não (ou)via. 
Ela o trocou pelo carteiro e agora é correspondida. Hoje ele só manda e-mails e continua mudo, coabitando sossegadamente com sua fingida indiferença.




Fernand's







Feliz.






ineedchemical




À futura nutricionista
da família: PARABÉNS!

Ohana, estou muito
orgulhosa de você.





- Meta a cara e todo o espírito!
- Consultas grátis, tá?! rs




The truth.




 

foto: george marks





 

terça-feira, março 22

Mini conto - Passando a perna no fim.





"Viver bem é a melhor vingança."
Caio Fernando Abreu





george marks






Nua, diante de seu reflexo, toca os sulcos da face. Contempla seus seios caídos e mãos franzidas. Sorrindo com olhos distantes, cantarola sua valsa preferida enquanto penteia os lisos cabelos com os dedos. É seu aniversário. Sente-se uma vigorosa sexy sexagenária. Disposta a uma vida longa, promete, silenciosamente em frente ao espelho, continuar seus dias com viço e coragem. Acredita que só assim passará despercebida pelo fim.



Fernand's







More.





george marks





 

segunda-feira, março 21

Sobre verdades e mentiras #2

A nobreza que a mentira me deu.
Para ti.




via web





Hoje reli nosso livro, feito a quatro mãos e paixão desmedida.. Páginas marcadas com nossas pegadas sujas de areia da praia. Amassadas pelas risadas de quando admirávamos um rio que não existe. Com o perfume dos nossos corpos que pareciam tanto ser um só que a gente jurava que era continuidade um do outro. Havia capítulos misturados porque eu não consegui organizar a cronologia, mas estava tudo lá. Inclusive o trecho molhado com os teus olhos de reticências quando desviaram dos meus, naquele dia.

Teus lábios que desenhavam beijos em preto e branco nos meus e a distância que teus abraços tomavam dos meus braços entregaram que estavas mentindo e faltando com a verdade todas as vezes que tua boca silenciava. Aquele dia foi um parágrafo escrito em grená.

Mentiras, pequenas ou grandes, são mentiras. Mas entre nós não cabe o julgamento nem culpa. Falei sempre a verdade e não me arrependo de ter acreditado, de olhos fechados, que, com boca e coração abertos, tu farias o mesmo. Eu escolhi a verdade e tu a mentira naquele capítulo. Nunca vou saber se teria doído menos, caso tua escolha fosse outra. Não reputo tua fraqueza, sei que foi para não me magoar. Todos somos fracos e escolhemos a mentira para não machucar. Todos.

Faria xerox de tudo sem mudar uma vírgula. O zelo ao amor que eu sinto e tu sentes está em letras garrafais nesse livro, cheio de parênteses. Silenciosos. Se serão preenchidos, não sei. Não importa, conforta. Conforto de certeza de que em nossa história também não tem lugar para dúvida: tu sabes, tu és. Eu idem, idem. Sem ponto final, agradeço por hoje ser nobre, pobre de dor e por sermos um ponto seguido.

Quieto e seguido.
 
   Fernand's
28.12.2010
 
 
 
 
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Carta de uma personagem.
Ensaios sobre Mentiras e verdades.
Meus. 
 
 

Tudo.





via web





Bob Esponja: Eu tinha sonhos. 
Sr. Sirigueijo: E eu tinha pedras no rim. Tudo Passa.
 
 
 
 
 
 

sábado, março 19

Luna.




via web





[na praia]

Do céu,
raios doces da luna
que não é de mel.

Frisos hipnóticos
que endoidam
sãos e paranóicos.

Da lua cheia,
desejo em dose
direto na veia.

[nos pés,
areia]



Fernand's







So much.





via transgressive.tumblr







 "D'you breathe oxygen and drink water?
We have so much in common."






Brinde à cumplicidade.




lilysandrita87





"AMIGOS contritos 
abraços trocados
SILENCIAM o passado 
que desce quadrado


AMIGOS felizes
solene encontro
BRADAM o amor
que desce redondo"



Fernand's





All.






via web






sexta-feira, março 18

Sobre verdades e mentiras #1:







dOLLy via deviantart 




"(...)

Se é o que queres ouvir, lá vai: sim, me reconheço indigesta. Sou. Às vezes sou intragável. Digo a verdade que fica entalada na garganta alheia, mas é anti ácido para meu estômago, enfezado e retorcido com sinceridades que borbulham e azedam. Ora, que a verdade seja dita!
Concordo contigo, escutar é opcional, gostar igualmente. Falo se tiver permissão, não cuspo desaforos. Sei que uma mentira desce mais suave. Paciência, o que não mata, fortalece e melhora a digestão.
Sei também que a verdade me deixa nua, transparente, ainda assim me veste muito bem. Pode ser que eu fique na mão dos outros quando sou sincera. Todavia, prefiro crer que a verdade não me deixa presa em mim.

(...)"

Fernand's





__________________________________________________
Ditos de uma personagem.
Ensaios sobre Mentiras e verdades.
Meus.




Outras águas...




Hoje minhas benditas
estão também em
outras águas:




Clique na imagem e vá lá!




Obrigada, Su.
Um prazer estar no Entre Marés.






quinta-feira, março 17

Não, eu não cobro um milhão para fazer o seu blog!




Você está sentado?
Leia até o fim!



julie via deviantart




Maria Bethânia deve estar muito triste. Dos R$1.798.600,00 que ela solicitou ao Ministério da Cultura para fazer um blog (como assim???), cujo conteúdo são vídeos diários com a cantora recitando poesia, dirigidos por Andrucha Waddington, foram liberados APENAS R$1.356.858,00 (!!!).

Fiquei consternada com a notícia. Afinal de contas, essa "merreca" faria imensa falta pra ela. Mas será que não fará falta para peças de teatro, circos, músicos talentosos em início de carreira, bibliotecas de escolas que mal possuem carteiras e ventiladores de teto, no incentivo às rodas de leitura na rede pública de educação e muitos etecéteras???

O "modesto" blog é descrito na página do Minc como "um calendário virtual, que apresentará ao público doses diárias de poesia. Uma forma democrática e idealista de levar poesia para a vida das pessoas por meio da mais potente ferramenta de comunicação do mundo atual".


PALMAS. Sou super a favor da disseminação da poesia. Mas não custa um milhão de reais!!! E onde está a democracia num projeto mega faturado? Vou me candidatar: faço um blog luxuoso, bem escrito e com produção caprichada por MUITO MENOS.

A tuitada de Lobão descreveu perfeitamente nossa indignação. "Sugeriria fazermos uma campanha DEVOLVE ESSA PORRA, BETHÂNIA! Isso é uma parcela da mpb formada por cadáveres insepultos querendo permanecer no presente contínuo através da chapa branca". com o Lobão: DEVOLVE, BETHÂNIA!




E eu ainda consigo me admirar com algumas coisas!
Fernand's